quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Transpac 2009






Nas fotos Leglus voltando a Sausalito depois da Transpac;
Leglus e Seeker e a prisão de Alcatrazes atras

Os vencedores do Samba Pa Ti comemorando com Kilroy no centro. Em baixo Samba Pa Ti em plena planada.






Transpac 2009
Em 1996 meu amigo Norio Sugano me convidou para participar da Pacific Cup no seu veleiro, Seeker um cruzeirão de 54 pés e dois mastros e todas as amenidade. A Pacific Cup sai de San Francisco e chega à costa norte da Ilha de Oahu no Hawai. È uma velejada de mais de 2 000 milhas na sua maior parte baloando nos Alisios. Uma experiência para se guardar para sempre. Eu acabei não indo. Ele fez uma linda regata de quase 20 dias, chegando entre os 3 primeiros na sua classe (Aloha class onde estão os veleiros de cruzeiro mais pesados, que larga uns dias antes dos Racers) e ganhando um premio de marinharia. O Seeker atendeu a um chamado de socorro de um racer de 36 pés, que quebrou o leme. O veleiro menor tinha montado um leme de fortuna, mas sua velocidade tinha caído para a metade e não haveria suprimentos suficientes para chegar ao Hawai. O Seeker, em pleno marzão do Pacifico, transferiu, usando cabos, uma parte dos seus suprimentos para o veleiro acidentado.
Agora Norio não pode ir, mas ajudou no financiamento da participação na Transpac do veleiro Leglus, tripulado por um grupo de amigos, também japoneses muitos dos quais residem em San Francisco. O Leglus é um Racer moderno (Oshi 52) desenhado e construído no Japão e fez a travessia do Japão para Saussalito para correr a Transpac. Ele correu na Divisão 3, ficando em 5º lugar nesta divisão, fazendo o percurso Los Angeles – Honolulu em 13 dias 12 h. 19 m. 49 s.
A Transpac é a irmã mais velha e mais tradicional da Pacific Cup. Ela acontece bi anualmente desde 1906, com algumas interrupções devido às duas guerras mundiais. Seu percurso de 2 225 milhas, saindo da San Pedro bay, no sul da cidade de Los Angeles, até o farol de Diamond Head, na parte Leste de Honolulu, faz dela uma das mais longas regatas de oceano. Com 2/3 desse percurso feito de balão nos Alísios, que ficam muito fortes na parte final, quando encanam no canal de Molokai, provocando planadas radicais e chegadas cheias de adrenalina, a Transpac é um dos mais prestigiosos desafios para os velejadores bons na empopada. Os desenhistas desenharam e testaram, nela, barcos especiais para estas condições (downwind sledges), que vem quebrando recordes e serviram de base para o desenvolvimento dos barcos que depois viriam a participar da Whitbread e da Volvo.
Isso tudo, em um clima ameno, muito diferente dos gelados e tempestuosos mares do Sul da Volvo Ocean Race (aí sim um desafio muito mais radical), tem atraído, através das suas varias edições, a nata dos velejadores e veleiros do planeta.
A Transpac desse ano foi vencida de lavada pelo veleiro Samba Pa Ti, um PT52 modificado, do famoso velejador americano Jim Kilroy (Kialoa) com 12 d. 21h.17m 11s. Ele levou ao mesmo tempo os 3 principais troféus, o Barn Door, uma especie de fita azul para veleiros convencionais sem quilha pivotante e manobrado integralmente por força humana, o trofeu rei Kalaukau do corrigido geral e ganhou ainda a Divisão I dos barcos maiores. O Samba Pa Ti é o menor barco a conquistar o Barn Door e o 5º a vencer ao mesmo tempo os 3 troféus nos 103 anos de historia da Transpac.
O segundo e terceiro colocados no corrigido são o Flash ( 13 d. 03 h. 42m. 40s.) e Valkyrie (13d. 22h. 21m. 13s), dois outros TP52.
Para não fugir a tradição o Samba Pa Ti, umas poucas horas antes da chegada, pegou uma violenta trovoada no canal de Molokai, com ventos bem mais fortes e 25º mais orçados. Atravessou 2 vezes e teve de fazer um peeling de balão. Isso fez com que ele perdesse a chamada obrigatória, a ser feita a 10 milhas da chegada, provocando uma correria da juria para se posicionar para a chegada e uma penalidade de 15 minutos para o barco, não chegando porém a estragar a tripla vitória.
O Leglus, depois da regata, retornou a San Francisco velejando, sendo recepcionado pelo Seeker e amigos ao cruzar a Golden Gate, sendo aí conduzido a Sausalito, seu porto de origem para a festa regada a champagne.

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