Posted by Trap on Monday, December 22, 2008
A última Etapa da Copa Mitsubishi foi corrida em 2 finais de semanas. O último de novembro com 4 regatas Barla Sota e o primeiro final de semana de dezembro com a tradicional Regata Peter Blake de Volta a Ilhabela. Nós começamos atrasados o campeonato e neste ponto o melhor que podiamos fazer era garantir o 3º lugar que estávamos empatados com o Touche (Bottin e Carcreek 47), o Sony (Farr 42) e o Loyal (Judel Vrolik 52) estavam bem na frente nos pontos, disputando o campeonato.
Chegamos na 6º feira do primeiro fim de semana, chovia e vinha ventando desde o início da semana um violento SE com rajadas de mais de 35 nós, o tal vento do padre, que era para durar só 3 dias, já vinha a mais de 7 levantando um mar grosso de perto de 3 metros. O padre nessa altura já devia ter perdido a batina. A previsão indicava uma melhora no tempo e uma ligeira queda de intensidade no SE.
29.11.2008 1a e 2a regatas
O dia seguinte amanheceu encoberto mas sem chuva e fomos para a Ponta das Canas enfrentar o ventão. Com o SE a comissão montou a raia mais longe da ilha e mais na direção do Jabaquara do que o usual.
Tínhamos alguns forfaits e por isso vários substitutos na tripulação. Entre eles o Zé do Careta Careta, skipper do For Sale um Jeneau 54 de cruzeiro e pai do Atanaue, que velejou conosco no Rio mas agora estava no Batuque um Beneteau 40.7 nosso concorrente direto. O Zé tinha apostado com o filho uma caixa de cerveja que nos ganhariamos dele no real, exacerbando a rivalidade dos dois barcos. Estavam na raia ainda em nossa classe o Jazz, um cruzeiro regata como nós e nosso irmão gêmeo, o Sony Handicam, o Loyal Rednose, o Land Rover, outro Botin e Carkreek 47, antigo ASA aluminio, sob nova direção, e o Timberland Montecristo, um Carabelli 52 de cruzeiro regata.
O mar estava grosso e ventava uns 20 nós, largamos bem, demos o bordo em direção a ilha, por baixo do Batuque e não deixando os maiores se afastar muito. O Land Rover e o Montecristo inclusive estavam para traz e estavam com dificuldade de nos alcançar. O Jazz também vinha logo atraz de nós e por cima. Ao chegar, próximos da ilha na altura da Pacuíba demos o bordo para fora junto com o Monte Cristo. O Land Rover e o Jazz que estavam mais em cima cruzaram na popa esticaram o bordo até as pedras, o vento junto da ilha favoreceu e os dois cruzaram na nossa proa. Nós imediatamente demos o bordo para a ilha para reduzir o prejuízo e conseguimos passar para dentro deles e chegamos na bóia junto com o jazz, sendo que os últimos minutos de orça foram de intensa atividade para inverter o balão de modo a subir jaibado. Dessa forma deixamos o Jazz no jaibe de fora e fomos apesar da confusão da manobra planando numa rajada para a ilha. O Batuque tinha ficado também no jaibe de fora e nos dedicamos o popa a chegar nele. Chegamos na bóia de sotavento grudados na sua popa e por dentro, mas a tirada de balão foi mal sucedida e perdemos um pouco de tempo e altura caindo na sua popa. Nesse bordo para a ilha iniciamos um duelo de bordos com o Batuque, que deveríamos ter levado a melhor já que temos uma buja pequena de fácil manejo e ele uma genoa, mas a tripulação desentrosada não conseguiu levar vantagem e o máximo que conseguimos foi manter o vento limpo mas continuamos atrás dele. Nesta segunda volta tínhamos aberto grande distância do Jazz e os barcos maiores tinham se distanciado na frente. Fizemos o resto da regata mantendo a posição e cruzando a menos de um minuto do Batuque garantindo o terceiro lugar no tempo corrigido. A regata foi vencida no tempo corrigido com tranquilidade pelo Loyal/Red nose com aproximadamente 2 min e meio de vantagem sobre o Land Rover, que fez uma ótima regata ganhando por um pouco menos de 2 minutos e meio do Orson. O Sony Handicam aparentemente não estava rendendo bem no vento forte fez uma regata fraca e ficou em 4º a aproximadamente 2 minutos atrás do Orson, seguidos do Batuque e Jazz.
A segunda regata o vento continuava SE e caiu um pouco (+ ou - 18 nós) mas ainda com rajadas de mais de 20 nós e muito mar. Os competidores já sabiam que tinham que encostar na ilha e que tinham que subir o spi jaibado e voltar pra ilha.
Logo antes da largada o vento se deslocou um pouco para o E favorecendo a boia e resolvemos arriscar uma largada de vela a direita de forma a já sair em direção a ilha. Saímos bem com velocidade e cruzamos pela proa do Montecristo. O próximo era o Land Rover, que aproveitou o espaço e tambem deu o bordo para a ilha, cruzando pela proa do Batuque, este iniciou tambem o bordo para o lado favorecido, mas ao ver o Jazz subindo vela esquerda por baixo dele, mudou de ideia e voltou o bordo e assustado com a pouca folga no espaço entre nós pediu agua nervoso, mas nós já estavamos cruzando a frente dele a toda velocidade . O espaço era exiguo mas suficiente, o Batuque não aliviou e nós passamos com uma folga de uns 2m na sua proa, Ufa! Um susto mas tudo ok.
Continuamos o duelo de bordos com o Batuque e na proxima cruzada estavamos nós vela esquerda e o forçamos a mudar de bordo e pouco depois ele fez o mesmo com o Jazz. Por enquanto estavam todos controlados. Demos o bordo para ilha e os dois nos acompanharam claramente atrás e ligeiramente acima para ficar com o vento limpo.
Nesse momento o Jazz que estava próximo do Batuque começou a cobrar deste que nos protestasse, ameaçando-o de fazer um protesto de 3o interessado (hoje não previsto nas regras). O Batuque respondeu rejeitando a pressão indevida. O Jazz que enquanto isso tinha caido na popa do Batuque deu o bordo e subiu para o meio da raia. O Batuque continuou a velejar ao nosso lado ganhando aos poucos barlavento e nos alcançando e depois abrindo.
Chegamos no lay line e o Batuque deu o bordo para a boia e nós pouco depois o acompanhamos. Só percebemos depois, mas no momento do bordo alguém no Batuque entrou na cabine e nalgum momento do último bordo da orsa colocou a bandeira de protesto no estai.
Tinhamos abrido um pouco do Jazz, mas não muito. Levantamos o spi com um jaibe set e fomos para o lado da ilha onde o vento estava melhor e conseguimos assim manter a distancia do Batuque. O Jazz dessa vez nos acompanhou e não conseguimos ampliar a dianteira e assim foi por toda a regata, que dessa vez tinha 5 pernas.
O Loya/Red Nose ganhou novamente fácil com quase 3 minutos de vantagem sobre o Sony/Handicam e este, 30 segundos a frente do Orson, pois apesar da tripulação desentrosada começamos a errar menos. O Jazz ficou logo atrás com 2 minutos de diferença e por fim o Batuque com 20 segundos para o Jazz. Porém o Batuque protestou o Orson e o julgamento se daria no fim de semana seguinte. Nosso 3o lugar ainda teria de ser defendido na comissão de protesto.
30.11.2008 3a e 4a regatas
No dia seguinte o vento tinha caido significativamente para em torno de 6 a 10 nós, o mar diminuiu mas continuava alto com muita correnteza. Largamos mal. Tivemos que dar água para o Jazz e depois para o Batuque. Tentamos dar mais potência nas velas, mas o barco não estava rendendo. Nós estávamos com a regulagem de estai de proa da véspera, para vento forte. Ficamos para trás e a moral foi lá em baixo. Círculo vicioso, vários erros de manobra e opções táticas suicidas para tentar recuperação. Resultado: ficamos em 6º lugar, o pior resultado da série.
O Sony Handicam ganhou a regata apenas 28 segundos a frente do Jazz, que dessa vez aproveitou sua regulagem otimizada para o vento fraco e fez uma regata sem erros. O Loyal Red nose ficou a 29 segundos do Jazz, Batuque a 1 minuto do Loyal e o Land Rover outros 30 segundos atrás em 5º lugar.
Na última regata o vento agora de leste voltou a subir para uns 15 nós entrando no intervalo de desempenho da nossa regulagem e o barco voltou a render normalmente. Mas foi uma regata típica da raia da ponta das canas. Isso fez dela não uma regata tatica, pois todo mundo sabia exatamente o que tinha de ser feito, mas um duelo de manobra e de regulagem de velas (velocidade). O Loyal Rednose ganhou com facilidade 1minuto e 49 segundos a frente do Sony/Handicam, consolidando sua liderança no campeonato. O Sony/Handicam ficou 1minuto a frente do Orson e este um pouco mais de 30 segundos a frente do Land Rover com o Jazz 40 segundos atrás.
06.12.2008 Regata Peter Blake de Volta a Ilha Bela
O fim de semana seguinte estava radioso para a regata volta a ilha e a competição acirrada pois Sony/Handicam estava jogando sua ultima cartada para superar o Loyal Rednose. Nós apesar de parecer tranquilos no 3o lugar, o protesto dava a possibilidade do Jazz e do Land Rover empatados em 4o de nos superar se não tivessemos um resultado exepcional. Além disso as controversias entorno do protesto tinham acirrado os animos entre as tripulações do Orson, Batuque e Jazz.
A largada foi as 11 horas em frente a praia da Armação com fortes rajadas(25 nos) de SE descendo das montanhas e buracos de vento onde ele caia para uns 12. Nos momentos antes da largada os competidores chegaram um pouco adiantados e estavam controlando a velocidade para largar quando iniciou-se uma reação em cadeia de toques de violencia variada criando um engavetamento no lado de barlavento da linha envolvendo alguns dos principais competidores (Batuque, Kawabunga. Orson, Loyal Rednose, Sony Handicam) e causando algumas avarias, sendo as consequencias apenas resolvidas posteriormente na comissão de protestos.
O Loyal para se desvencilhar estourou a largada e retornou ja com a bandeira de protesto protestando todos os envolvidos. Nos soltamos as velas e paramos nos desvencilhando do kawabunga que por pouco não se enrroscou no nosso mastro, o que poderia ter resultado num acidente sério, e largamos atrasados. O Sony/ Handicam largou junto conosco e seguimos para a saída do canal.
O Montecristo, o Lanrover e o Jazz que escaparam da confusão e largaram na frente liderando a flotilha em direção a Ponta das Canas, onde o vento acelerou ainda mais com fortes mudanças de direção exigindo varios bordos e dando varias oportunidades taticas de ultrapassagem. O Orson aproveitou essas rajadas para encostar nas pedras e controlar o lado da ilha passando o Jazz com quem ficou disputando o controle num longo duelo de bordos, com o batuque a companhando a distancia.
Mais a frente o Loyal Red Nose, o Land Rover e o Motecristo seguiram o caminho da ilha, O Land Rover fez valer sua vantagem inicial, mas logo foi ultrapassado pelo Loyal muito maior, O Montecristo logo ficou para tras caindo no grupo dos barcos menores.
O Sony/Handicam, que estava em uma opção de tudo ou nada, resolveu abrir e procurar vento ao norte da ilha apostando na entrada do E, pois junto a ilha o vento agora tinha estabilizado num SE 12 nos. Sua aposta não se concretizou ao menos até a Ponta Grossa, quando o vento em terra começou a acabar. Nesse momento o Sony Handycam, começava a parecer cada vez melhor, apesar de muitas milhas fora, pois era o único ainda com vento, enquanto os outros barcos a sotavento e ainda a frente perto da ilha, totalmente encalmados começavam a jaibar para fora para tentar com muita dificuldade tentar chegar no vento.
Nós nem tentamos ir para fora, pois logo depois o vento parou completamente para todo mundo. Foi aí que surgiu o vencedor da regata o pequeno Argos, um ILC25 de Ubatuba, muito bem velejado. O barco não pesa nada, é super sensivel, não parou um minuto. Com o vento quase nulo e ondas, nós não conseguiamos manter o balão armado, O Argos nunca baixou o balão, vinha junto as pedras pegando jacare no rebojo das ondas e nos ultrapassou com vento nulo ao largo de Castelhanos, dava até raiva.
Com a parada total do vento, foram mais prejudicados os barcos que estavam mais fora, particularmente o Sony Handycam pois pegaram mar forte e correnteza contra, nós junto a costa tinhamos menos mar e uma reversa a favor.
Os barcos grandes começaram a pegar vento leste ao largo da Pirabura e começaram a descer de balão, O Sony la fora foi o ultimo a pegar, Nos subimos o balao na Pirabura e fomos em alleata o vento aumentando aos poucos a uma meia milha fora do boi, O Argos a frente jaibou para as pedras entre a Pirabura e o boi e acelerou e jaibou de novo juntinho a costa fazendo o boi encostado nas pedras. Nos continuamos mais um pouco,o Jazz jaibou e foi para a costa meio orçado logo depois do boi. Nos jaibamos mas continuamos em popa rasa fazendo proa quase para os Alcatrazes.
Nos nas 2 volta ilha anteriores morremos na calmaria do Nova York e juramos que isso não ia acontecer dessa vez. Nesse ultimo trecho da prova o vento normalmente entra forte outra vez, e é o que estava acontecendo, já estava subindo par 20 nos, a opção tatica é segir pela costa mais orçado fazendo o caminho mais curto e aproveitar as rajadas que descem das montanhas ou manter-se afastado arribando em direção ao montão de trigo, fazendo um caminho maior mas evitando o buraco de vento do Nova York, fazendo uma transição mais curta para o vento predominante no canal.
O Loyal/ Rednose fez a opção de vir por fora conseguindo evitar a maior parte do desvento, garantindo a fita azul, com 9horas, 9minutos e 10 segundos de regata. O Land Rover, o Montecristo e o Sony/Handicam foram mais orçados tentando encurtar distancia, mas perderam bastante tempo encalmados na entrada do canal, na transição para o NE que predominava nele.
Mais atás o Argos e o Jazz vieram muito rapido bem orçados junto a costa e o Orson abriu bastante. O Orson conseguiu evitar a maior parte da calmaria da tansição para a entrada do canal e logo pegou o NE de mais de 20 nos na altura do Toque toque. O Jazz e o Argos, que estavam na frente ficaram encalmados no Nova York. O Argos , graças a seu peso menor e grande habilidade de manobra,conseguiu manter algum seguimento e escapar para fora e pegar alguma brisa que o levou ate o NE junto a costa da ilha bela a tempo de cruzar a frente do Orson e ganhar brilhantemente a regata no tempo corrigido. O Orson cruzou em seguida mas perdeu por 22 segundos par o fita azul Loyal Red Nose. O Jazz levou ainda alguns minutos para se desvencilhar da calmaria e chegou em 4o lugar, ganhando no tempo corrigido dos outros barcos maiores. O Sony/Handicam terminou em 5o o Land Rover em 6o e o montecristo Timberland em 7o.